quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lula acaba com restrição a debate na internet em eleições

Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou hoje o projeto de lei que muda as regras para as eleições de 2010. Lula vetou três dispositivos da nova lei. Um deles restringia a atuação da internet nas campanhas ao obrigar a web a seguir as mesmas regras da TV e rádio para realização de debates.

O Congresso inclui na reforma um artigo estabelecendo que os sites teriam que utilizar as regras das emissoras de rádio e TV, convidando todos os candidatos de partidos com representantes na Câmara Federal.

O texto obrigava a participação de todos os candidatos às eleições majoritárias com representante na Câmara nos debates. O presidente retirou da lei essa determinação.

A proposta gerou críticas, inclusive da Justiça Eleitoral, que considerou uma distorção a comparação da internet com mídias que dependem da concessão do poder público.

A reforma eleitoral mantém a internet livre durante as campanhas eleitorais, sem limites à atuação de sites jornalísticos, blogs e páginas pessoais no período da disputa --desde que assegurado o direito de resposta aos candidatos ofendidos e o impedimento de anonimato nas matérias jornalísticas.

A proposta permite que sites oficiais dos partidos e dos candidatos fiquem ativos inclusive no dia da votação. Pela legislação atual, os sites oficiais são obrigados a retirar do ar o seu conteúdo no período que vai de 48 horas antes da disputa até as 24 horas posteriores à votação.

O texto também isenta os provedores da internet de penalidades em casos de propaganda irregular que não forem do seu conhecimento. Outra emenda acatada pelos deputados estabelece que os provedores, depois de notificados pela Justiça por propagandas irregulares, sejam obrigados a retirar os anúncios do ar.

Voto impresso

Apesar dos pedidos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do Ministério da Defesa, Lula manteve a criação do voto em trânsito para presidente e a impressão de parte dos votos a partir da eleição de 2014.

O presidente manteve na reforma a regra que estabeleceu o retorno do voto impresso para permitir a conferência do resultado das urnas. A ideia emplacada pelos deputados é que a partir das eleições de 2014, 2% das urnas deveriam ter um dispositivo para permitir a impressão do voto e garantir uma futura auditoria da Justiça Eleitoral.

Lula ainda deixou no texto a possibilidade de voto em trânsito pelos eleitores para presidente da República. Os eleitores que estiverem fora de seu domicílio eleitoral poderiam votar em urnas especiais colocadas nas capitais dos Estados.

Dedução

O presidente também vetou um artigo que estabelecia percentuais de dedução para empresas compensarem no Imposto de Renda a veiculação do horário eleitoral gratuito. A outra modificação trata de parcelamento de multas eleitorais.

Atualmente, para ser candidato é preciso que você apresente uma certidão de quitação de débitos com a Justiça Eleitoral.

Ficha suja

Fica incluída na lei a garantia de que pessoas com processos em tramitação na Justiça poderão ser candidatas antes que as instâncias sejam esgotadas. Para disputar a eleição, o candidato terá apenas que apresentar as contas eleitorais de campanhas passadas, sem a necessidade de sua aprovação. A justificativa da Câmara é não prejudicar um candidato se a Justiça demorar a apreciar as contas.

A lei cria a figura da "pré-campanha", aceitando alguns atos de cunho eleitoral antes do início formal da campanha, no dia 5 de julho. Ficam liberadas para os candidatos a participação em programas de TV e rádio, realização de encontros em ambientes fechados e prévias partidárias.

Doações ocultas

Sobre o financiamento de partidos e campanhas, haverá a possibilidade de doação de bens próprios --como veículos e imóveis, até o teto de R$ 50 mil. Os parlamentares mantiveram as chamadas "doações ocultas" --que desobrigam os doadores a partidos políticos de identificarem para quais candidatos o dinheiro foi encaminhado.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Câmara mantém restrições a debates eleitorais na internet; projeto vai à sanção presidencial

Piero Locatelli

Do UOL Notícias
Em Brasília

Em votação a toque de caixa na noite desta quarta-feira (16), a Câmara dos Deputados recuou de seu primeiro projeto da reforma eleitoral e seguiu as modificações aprovadas pelo Senado Federal na noite de terça-feira (15). Os deputados mantiveram a emenda que impunha regras de debate à internet. O projeto segue para sanção do presidente Lula.

Veja como ficou o texto final da reforma eleitoral aprovada pelo Congresso

A Câmara aprovou nesta quarta-feira a reforma eleitoral com novas regras que podem entrar em vigor nas eleições de 2010. Entre as mudanças, há regras sobre campanha na internet, cassação de mandatos, doação oculta, voto impresso, entre outros temas


Apesar de não serem concessão pública, sites e portais de internet terão de seguir as mesmas regras de debate aplicadas à TV e ao rádio. Ou seja, chamar ao menos dois terços dos candidatos para participar dos debates eleitorais.

Os deputados mantiveram a liberdade dos sites e blogs para expressar a opinião por um ou outro candidato, ressalvado o direito de resposta e o impedimento de anonimato nas reportagens.

A respeito da propaganda paga, os parlamentares retiraram a permissão para que candidatos à Presidência paguem por anúncios em sites jornalísticos. O Senado havia autorizado a propaganda, mas a mudança não foi acatada pelos líderes na Câmara.

A votação na Câmara ocorreu após um acordo selado entre os líderes partidários em reunião nessa quarta-feira (16). O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), agilizou a votação da matéria para permitir que as regras entrem em vigor no ano que vem.

Para o projeto da reforma eleitoral ter validade já nas eleições de 2010, ele precisa ser sancionado e publicado no Diário Oficial até o dia 3 de outubro - exatamente um ano antes da próxima eleição.

Outras mudanças são derrubadas
Outras mudanças aprovadas no Senado foram derrubadas na votação desta noite na Câmara.

Entre elas, está a emenda do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). A proposta dele obriga os institutos de pesquisa a usarem somente os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na elaboração de levantamentos de intenção de voto.

Pela emenda, os institutos não teriam mais liberdade para fazer entrevistas de acordo com os parâmetros que desejassem e ficariam limitados a dados desatualizados do IBGE.

Os pesquisadores, por exemplo, seriam obrigados a entrevistar a mesma proporção de mulheres da população total em suas pesquisas -o que não ocorre necessariamente entre o número total de eleitores.

A eleição direta para prefeitos, governadores e prefeitos cassados também foi retirada do relatório final.

A existência de um comprovante de voto impresso para conferir o resultado da urna eletrônica foi mantido. A partir de 2014, 2% das urnas devem ter um dispositivo para permitir a impressão, que deve ser usada em auditorias da Justiça Eleitoral.