De olho na eleição, PT terá TV e rádio na internet
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O pré-lançamento da página eletrônica acontece nesta terça-feira (27), em Brasília. Apenas convidados e jornalistas poderão visualizar o endereço de antemão. Segundo a assessoria de imprensa do partido, dez pessoas estão envolvidas no projeto, que ainda não teve seu custo divulgado. Os apresentadores e locutores online ainda não estão definidos, mas devem ser selecionados entre profissionais do Distrito Federal. A grade deve conter programas com análises da conjuntura política e econômica, "usando o posicionamento natural do partido", segundo a assessoria de imprensa do PT. Também não estão descartados programas de entrevistas com autoridades.
Atualmente, os principais partidos brasileiros se limitam a publicar textos sobre a agenda de seus membros. Eventualmente, disponibilizam vídeos sem acabamento profissional nem periodicidade fixa.
Dos portais de partidos políticos, o do Partido Verde é atualmente o mais sintonizado com as novidades virtuais. Bem localizado na página, um ícone chamado "Rede PV" guia os navegantes para várias opções de interação, como a página da sigla no Youtube, no Flickr, no Orkut e também o endereço do Twitter, que tem quase 4.000 seguidores. Ao acessar hoje a chamada "TV do PV", no entanto, o internauta encontra vídeos de entrevistas e debates aleatórios, sem estrutura de estúdios. Algumas transmissões são feitas ao vivo, como a filiação da pré-candidata à Presidência, Marina Silva, mas o portal ainda não chega a ter uma programação estável.
Na página do PSDB, a área de vídeos reúne somente imagens captadas em comícios e entrevistas coletivas, sem apresentadores ou programas rotineiros. Atualmente, entre outros destaques, estão disponíveis participações do governador de São Paulo, José Serra, em evento em Goiânia, e do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, em Aracajú. A rádio tucana conta com alguns programas narrados por locutores, mas normalmente apenas como forma de introduzir gravações feitas por partidários nos corredores e plenários de Casas Legislativas brasileiras. No endereço, o internauta encontra o endereço de alguns blogs oficiais, mas não há links para redes de relacionamento - que existem, mas que são muitas vezes abastecidas por simpatizantes e correligionários.
Pela minha experiência, é evidente que a ideia é um preparativo para a época de eleição. Não está errado, mas é preciso avaliar bem qual será o conteúdo dessa TV
Silvio Salata, presidente da Comissão de Direito Eleitoral e Político da OAB-SPA ferramenta de vídeo do site dos Democratas também não tem status de TV. Os internautas podem encontrar disponíveis somente depoimentos gravados pelos políticos do partido, que inclusive seguram o próprio microfone e escolhem um tema de interesse para falar. A chamada "Rádio 25", por sua vez, também se resume a um apanhado de podcasts de deputados e senadores, sem uma cobertura jornalística dos grandes temas do país. Há um blog do partido, mas também não existem links para acessar as páginas das redes de relacionamento, que são usadas pela sigla, mas também de forma descentralizada.
O site do PMDB está ainda mais atrasado em termos de reforço digital para campanha. A parte de notícias da página conta apenas com textos, que nem sempre são atualizados diariamente e, muitas vezes, reproduzem reportagens de outros veículos - hoje, por exemplo, a matéria que está em destaque foi elaborada pela Agência Brasil. Quem passa pelo endereço também não encontra nenhuma menção às páginas da sigla em redes sociais, como Orkut e Flickr, usadas principalmente de forma isolada por políticos do partido pelo Brasil.
Igualdade
Silvio Salata, advogado presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), argumenta que é preciso que o novo site do PT entre em funcionamento para saber se existe alguma ilegalidade nas transmissões. Segundo ele, no entanto, está claro que o portal está sendo criado para turbinar a campanha de 2010. "Pela minha experiência, é evidente que a ideia é um preparativo para a época de eleição. Não está errado, mas é preciso avaliar bem qual será o conteúdo dessa TV", diz.
O especialista alerta que, dependendo do uso feito dos recursos digitais, o PT pode correr o risco de infringir as leis eleitorais, que pregam a igualdade de condições antes do pleito. "Está claro que, por estar no poder, os programas que serão veiculados terão muito mais apelo do que os eventuais dos demais partidos, que não terão tantos eventos e realizações para anunciar. É preciso ficar de olho", afirma.
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