Todos os dias, 7 mil chineses encontram seu “par perfeito” no site de namoro Jiayuan.com, o mais conhecido da China. Com 15 milhões de visitas ao mês, o endereço é um dos mais conhecidos do país e transformou a vida de sua criadora. Gong Haiyan, que era metalúrgica, agora tem uma fortuna estimada em US$ 70 milhões – o equivalente a R$ 126 milhões.
Em 2003, quando a economia chinesa já estava bem acelerada, ela decidiu investir em um negócio próprio. Criou o site de namoro que hoje conta com 40 milhões de usuários registrados e é o mais famoso do país. É a única plataforma de encontros chineses que também funciona nos Estados Unidos.
O site recebe quatro vezes mais visitas do que os concorrentes e, segundo pesquisas, 7 mil pessoas dizem encontrar seu possível namorado ou namorada ali, via internet.
“Eu já ajudei muito gente a se casar”, afirmou Gong ao jornal chinês “China Daily”. Ela conta que inclusive conheceu seu futuro marido pelo site. “Isso me faz sentir muito bem porque é uma coisa que eu gosto de fazer e tem um valor para a sociedade”.
O site Jiayuan.com passou a constar na Nasdaq em maio deste ano e como presidente e fundadora da companhia, Gong tem 20,27% de controle acionário, o que lhe garante hoje um valor de US$ 70 milhões.
A trajetória de Gong Haiyan chama atenção porque antes de ter essa ideia, ela havia enfrentado uma vida bem difícil. Quando tinha 15 anos foi atropelada e, para pagar as despesas médicas, abandonou a escola e foi trabalhar. Primeiro, ela abriu uma lojinha de presentes em sua cidade e somente no primeiro ano, faturou 7 mil yuans (cerca de R$ 1.973). Com o dinheiro, ela pagou suas dívidas e comprou uma motocicleta para que o pai iniciasse um novo negócio – transportando passageiros da vila para a cidade.
Depois, ela decidiu ir para a cidade de Shianzu, que passava por uma explosão industrial. Gong foi trabalhar como soldadora, mas o fato de gastar seus intervalos lendo e escrevendo chamou a atenção do gerente da fábrica e ela foi cuidar da revista da empresa. “Eu gostava de escrever e ler livros e continuo assim até hoje”, afirma.
Além de editar a revista, ela começou a assinar uma coluna como conselheira sentimental para o portal Sina. “Na China, as pessoas são educadas a trabalhar duro, mas quando se trata de amor e relacionamentos, elas são muito inexperientes”, diz. “Além disso, como os chineses são naturalmente tímidos, eles se frustram muito facilmente e ficam confusos quando têm de enfrentar problemas amorosos”, afirma.
“As pessoas acham que eu sou uma especialista nos assuntos do coração, já que meu website é o maior em relacionamentos amorosos na China. Então acham que eu posso responder qualquer dúvida”, diz.
Apesar do medo, Gong decidiu que estava mais do que na hora de voltar à escola. Ela foi reprovada no primeiro teste, porém não desistiu e estudou por conta própria para prestar os exames novamente. Passou e foi estudar na Universidade de Pequim. Já na universidade e com 27 anos, ela achou que era hora de procurar um namorado/marido pela internet. Só que ficou horrorizada com o péssimo serviço oferecido pelos sites – e foi aí que decidiu criar sua própria rede.
Primeiro, Gong entrou em contato com todos os seus colegas de faculdade e conhecidos para que se registrassem no site. Dentro de meses, já contava com milhares de assinantes. Hoje são 40 milhões de chineses.
Mais do que o sucesso, porém, a chinesa de 35 anos diz que seu maior tesouro são os convites de casamentos e as cartas de agradecimento que recebe de usuários que encontraram sua cara metade online. “Fico muito emocionada em ver que as pessoas encontraram alguém especial no meu site e isso me faz querer melhorar ainda mais o serviço”, diz.
Recentemente, o site Jiayuan.com celebrou o casamento de um professor aposentado de 82 anos que encontrou uma mulher de 57 anos no site. Embora vivessem a 2 mil km de distância, eles decidiram se casar após duas semanas. “O site funciona porque leva a regra de relacionamento muito a sério”, diz Gong Haiyan. “Quem só quer se divertir acaba desistindo. Nosso negócio é juntar pessoas que querem se casar”.